O que fazer para que o Brasil consiga usar o GNL que produz?
Apesar de o Brasil ser rico em gás natural no pré-sal, metade deste contingente é reinjetado nos poços. E termelétricas usam Gás Natural Liquefeito (GNL) importado para geração de energia quando há alta demanda, deixando o país exposto ao mercado internacional. Afinal, o que fazer para que o Brasil consiga usar o GNL que produz?
Para o consultor de energia Eduardo Navarro Antonello, fundador da Golar Power e Macaw Energies, a criação de demanda em larga escala na base seria um estímulo para o desenvolvimento da infraestrutura necessária para escoamento da produção de GNL.
Essa seria uma forma de aumentar a oferta nacional do insumo e reduzir a dependência internacional.
Produção de GNL no Brasil
Metade da produção de gás natural no Brasil retorna aos poços de petróleo por falta de infraestrutura para escoamento da produção. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2021 foram reinjetados 22,2 bilhões de metros cúbicos de gás natural.
A produção de GNL no Brasil deve aumentar ainda mais, passando de 64 milhões de metros cúbicos por dia para 136 milhões em 2031, de acordo com a estatal EPE.
“O Rota 3 vai entrar com 23 milhões de metros cúbicos por dia, Sergipe e Alagoas com mais 18 milhões de metros cúbicos por dia, além de diversos players independentes, pequenos, mas atuantes. Todos esses produtores de gás precisam de uma demanda de consumo muito mais firme. Por isso, eu acredito em outras alternativas de consumo”, explica o consultor Eduardo Navarro Antonello, em entrevista ao em entrevista ao Poder 360, no YouTube
Na visão dele, ainda que se possa criar uma demanda térmica até certo ponto, ela não é suficiente para viabilizar o potencial de produção que se tem no Brasil. Mas o uso do gás doméstico em substituição de insumos importados como diesel e GLP, poderia criar uma demanda constante.
Necessidade da criação de demanda por GNL
De acordo com o Ministério da Economia, em setembro de 2022, foram importados quase 2 milhões de metros cúbicos de óleo diesel ao Brasil. Já a Petrobrás informou que 32% do GLP (gás de cozinha) utilizado no Brasil foi importado no primeiro trimestre deste ano. E por conta da adoção do PPI (Preço de Paridade de Importação), o consumidor sofre com os aumentos constantes desses insumos.
Diante desse cenário, a tese que o especialista Eduardo Navarro Antonello propõe, a de substituir insumos importados como diesel e GLP, poderiam ampliar a oferta nacional de GNL, reduzir custos para o consumidor e tornar o Brasil independente energeticamente.
“Com uma demanda firme e constante seria possível deixar de importar um insumo e substituí-lo por um insumo nacional”, reforça. Segundo ele, essa alternativa tornaria o mercado de GNL mais competitivo e resolveria os gargalos que impedem o escoamento da produção.