Dados do Boletim Epidemiológico InfoGripe da Fiocruz revelam que o Brasil registrou 24.571 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave até o dia 3 de maio, com 50% dos casos e 11% dos óbitos atribuídos ao VSR nas quatro semanas anteriores. Vacinas contra VSR oferecem até 85% de eficácia em idosos acima de 60 anos
O envelhecimento populacional é uma realidade crescente, impulsionada pelo avanço da medicina e pelas melhorias nas condições de vida em geral. Segundo o IBGE, até 2030, o número de idosos no Brasil deverá superar o de crianças e adolescentes, trazendo importantes desafios à saúde pública. Entre esses desafios está o aumento da vulnerabilidade dessa população a infecções respiratórias graves, como as causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
Tradicionalmente associado a quadros respiratórios em bebês e crianças, o vírus, altamente contagioso, pode desencadear complicações severas em pessoas com mais de 60 anos, especialmente aquelas com comorbidades. Até 3 de maio deste ano, o Brasil registrou 24.571 casos de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Desses, 50% foram atribuídos ao VSR nas quatro semanas anteriores assim como11% dos óbitos, segundo o Boletim Epidemiológico InfoGripe da Fiocruz1.
“Esse vírus é perigoso para os idosos porque o sistema imunológico envelhece e se torna menos eficaz no combate a infecções. Muitas pessoas com mais de 60 anos têm doenças crônicas — como cardiopatias, DPOC, asma, diabetes ou insuficiência renal —, o que agrava o risco de complicações graves”, explica a Dra. Rosana Richtmann, consultora em vacinas da Dasa e infectologista do Delboni e Salomão Zoppi.
Os sintomas do VSR em idosos, muitas vezes confundidos com um resfriado comum, podem evoluir rapidamente para quadros graves, incluindo pneumonia, descompensação cardíaca e hospitalizações prolongadas. Em situações extremas, pode levar à morte. Estudo conduzido pela Fiocruz revelou que a taxa de letalidade por VSR entre idosos no Brasil alcançou 26% entre 2013 e 2023 — até 20 vezes maior do que em crianças2.
Além disso, cerca de 1 em cada 3 idosos internados com VSR relatam perda de funcionalidade para realizar atividades do dia a dia mesmo após a alta. Em idosos com insuficiência cardíaca, o risco de hospitalização pelo vírus pode ser 33 vezes maior do que em idosos sem essa condição3.
Vacinação: um escudo para a longevidade
Nesse cenário, a vacinação se destaca como uma das estratégias mais eficazes para proteger a população idosa. No Brasil, a vacina Abrysvo® e a Arexvy® estão disponíveis para pessoas acima dos 60 anos. Ambas são administradas em dose única e apresentam até 85% de eficácia contra quadros graves de VSR em idosos.
“A imunização contra o vírus é um investimento em uma sociedade mais resiliente, inclusiva e preparada para os desafios de um futuro em que viver mais deve significar, também, viver melhor”, afirma a dra. Rosana.
A vacinação pode ser feita durante todo o ano, independentemente da sazonalidade do vírus, e administrada junto a outras vacinas recomendadas para a faixa etária1. “Além da imunização, medidas preventivas simples, como higienização frequente das mãos, uso de máscaras em ambientes fechados, ventilação dos espaços e evitar contato com pessoas gripadas continuam sendo importantes — especialmente nos períodos de maior circulação viral como outono e inverno”, completa Rosana.
1- FIOCRUZ. INFOGRIPE. Monitoramento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) notificados no SIVEP-Gripe – SE-18. Disponível em: Acesso em: MAIO/2025
2 AGÊNCIA BRASIL. Letalidade por vírus respiratório em idosos chega a 25% em dez anos. 2025. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-03/letalidade-por-virus-respiratorio-em-idosos-chega-25-em-dez-anos
3 PUBMED. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34244735/ . Acesso em: 22 maio 2025.