Europa recorre ao carvão mineral devido à escassez de gás natural
A escassez de recursos no mercado de GNL europeu fez os países da Europa recorrerem a outras opções, como o carvão mineral. Com isso, pode criar uma movimentação no setor energético, sendo fonte de oportunidade para as reservas.
Ao longo da história, diversos eventos internacionais levaram à falta de abastecimento de grandes nações, que precisam desenvolver alternativas satisfatórias para atender sua demanda.
Embora algumas pessoas se alertem com a situação, consultores de energia apontam que o momento pode ser estratégico.
Entenda mais sobre os pontos que estão aquecendo o mercado de GNL e o que esperar para os próximos meses.
Na falta de gás natural, Europa volta a queimar carvão
A falta de gás natural na Europa é consequência direta da Guerra na Ucrânia, uma vez que o maior fornecedor de combustível na região é a Rússia.
Com isso, os países se preparam para uma interrupção no uso dos recursos russos, e uma das principais soluções encontradas foi a volta da queima do carvão mineral.
No entanto, a opção não é a mais indicada em termos ambientais, por contribuir com a alta na emissão de carbono. De acordo com uma análise feita pelo Global Energy Monitor (GEM), as emissões globais de metano podem subir em até 21,6% com as extrações.
A mudança de estações também se tornou um impulsionador para a substituição do mercado de GNL por alternativas como carvão, uma vez que as temperaturas europeias dependem de aquecimento constante nas residências.
Por conta disso, países como Alemanha, Itália, Áustria e os Países Baixos já informaram que irão reativar as usinas de carvão mineral para lidar com os preços elevados de gás por enquanto.
Gás natural é energia limpa, mas não renovável
É comum que muitas pessoas tenham dúvidas sobre as fontes de energia europeias, e questionem se o gás natural é renovável, e porque se trata de uma melhor alternativa para o carvão.
O gás natural é um combustível fóssil que se encontra na natureza, normalmente em reservatórios. Nesse caso, ele é natural, mas não se renova, pois é resultado da degradação da matéria orgânica, como fósseis de animais e plantas pré-históricas.
Por outro lado, sua queima é mais limpa, pois ele é resultado da combinação de hidrocarbonetos gasosos.
Por isso, quando alcança algumas condições atmosféricas, durante a queima, libera esses gases, e não produz mais, como o carvão.
Assim, trata-se de uma energia limpa, porém não renovável, como a biomassa, produto da queima de matéria orgânica.
Mercado de gás natural em alta
Embora os países estejam movimentando o setor de carvão, o mercado de GNL continua em alta, mesmo com a escassez.
Isso porque é uma oportunidade de ganhos para os produtores. É o que indica o consultor de energia Eduardo Antonello.
Este pode ser um momento estratégico para quem quiser se posicionar e aguardar até o próximo ciclo de commodities. “Assim como ocorreu após o tsunami de Fukushima em 2009, que tirou de operação inúmeras usinas nucleares japonesas, pode acontecer um aumento substancial do preço do GNL”, explica o especialista.
Antonello lembra, ainda, que, na ocasião, produtores globais buscam o desenvolvimento de novos projetos de produção e liquefação. Mas a situação foi se estabilizando e, em 2015, houve uma bolha que fez com que os preços despencassem para abaixo de USD 2/mmBtu.
Segundo o consultor, o principal desafio enfrentado é convencer o mercado de GNL a buscar alternativas mais limpas a longo prazo, e compreender que a substituição da matriz energética global demora um tempo para ocorrer.
Por outro lado, Eduardo Antonello reforça que, apesar dos esforços e investimentos em energias renováveis, a retomada da queima de carvão em 2022 eliminou todo o ganho em emissões ao longo dos últimos 20 anos com energias solar e eólica.
O que esperar do mercado de GNL?
A escassez no mercado de GNL pode torná-lo mais atrativo para investimentos, pela alta nos preços, mas o setor deve ficar atento para outras alternativas mais limpas.
Afinal, apesar de limpa, a matriz do gás natural não é renovável, e é necessário avaliar novas substituições no futuro.
Por isso, os produtores podem se preparar para algumas oportunidades, mas devem acompanhar consultores, como Eduardo Antonello, para evitar contribuir com os danos climáticos em épocas de recessão energética.